top of page

DANIEL DAVID ALVES DA SILVA

 

Sempre conectado e bem informado sobre a web 2.0, Daniel David Alves da Silva atualmente faz mestrado em Educação pela Universidade Tiradentes (UNIT), onde também graduou-se em Letras (inglês). Suas pesquisas são voltadas para educação e comunicação, tendo como maior interesse a utilização de narrativas transmídia na produção de recursos educacionais abertos. É bolsista no Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares (Prosup) e, no momento, apenas dedica-se à pesquisa. David compartilhou conosco um pouquinho do que vem estudando nos últimos anos sobre Fanfics em entrevista concedida por e-mail. Leia:

 

Fale brevemente do seu envolvimento com os meios digitais.

Daniel David: Bom, eu estou o tempo todo conectado a um meio digital. Eu estou longe de casa no momento, sem computador, escrevendo minha dissertação e fazendo tudo isso através do meu celular e do meu iPad. Também estou sempre com meu Nintendo 3DS, que me permite estar conectado a rede e a outros jogadores em tempo real. Além disso, tenho perfis em quase todas as redes sociais, quatro e-mails e três blogs. Tento participar de tudo ativamente, mesmo com o curto tempo no momento.

 

Você poderia, brevemente, definir o que é ser fã?

DD: Ser fã é seguir uma franquia. Acompanhar as novidades e compartilhá-las com outros fãs, consumir os conteúdos espalhados em vários tipos de mídia, ter um apego emocional com narrativa, ou, como diz Henry Jenkins, com a lovemark.

 

Como surgiu o interesse por fanfics? 

DD: Meu interesse por fanfics surgiu quando li um TCC de ex-alunas da minha orientadora, Andrea Versuti. Elas fizeram um trabalho excelente sobre Harry Potter e acabou despertando meu interesse na temática. Fascinado, descobri fanfics de outras franquias e sites como o fanfictions.net.

 

Quais estilos de séries de televisão atraem seu interesse?

DD: Gosto muito das séries que deixam pontos soltos ou quem tenham um universo expandido. É interessante pensar nas possíveis rumos que os personagens podem tomar.

 

Você chegou a acompanhar fanfics de alguma série? Já escreveu alguma fanfic?

DD: Eu acompanhei fanfics de algumas franquias que estudei. São elas: Harry Potter, Star Wars, Lost e Heroes. No momento eu estou criando uma história alternativa para o Superman. Planejo criar uma HQ digital/virtual, onde outros fãs poderão modificar falas e pensamentos da história. Não é bem uma fanfic, mas se assemelha muito ao gênero.

 

Quais impactos a popularização da internet trouxe para a cultura participativa dos fãs, principalmente em relação às narrativas ficcionais escritas por eles?

DD: É impossível pensar nos fandoms sem a internet. Tudo começou com os fanzines do Star Trek (Jornadas nas Estrelas) e hoje nós temos até vídeos com possíveis finais para filmes ou séries. A cultura participativa dos fãs hoje vai muito além do que somente escrever. Eles desenham, animam, interpretam ou dublam! Tudo com o suporte de ferramentas que provavelmente só tornaram-se acessíveis com a popularização da internet. Focando nas fanfics, temos não só a escrita colaborativa, mas também o compartilhamento, armazenamento em nuvens e divulgação das narrativas produzidas por eles.

 

Com a recente sanção do Marco Civil da Internet pela presidente Dilma Rousseff, você acha que os autores de fanfics ainda podem sofrer algum tipo de proibição aqui no Brasil? Qual é a sua opinião quanto a ações proibitivas de boa parte da indústria da mídia a conteúdos produzidos por fãs?

DD: Os fãs sempre tiveram problemas com a produção de conteúdo original não autorizado. Inclusive a Warner Bros já tentou de limitar isso de muitas formas, mas sem sucesso. Vários autores (Henry Jenkins, Carlos Scolari, Denis Renó, Vicente Gosciola, entre outros) falam de como é importante a participação ativa dos fãs e como isso pode ser um aliado na construção de uma franquia de sucesso. Acredito que apenas teremos prosperidade para as fanfictions quando as grandes empresas de entretenimento perceberem isso.

 

Você acredita que há alguma forma saudável das emissoras de televisão, produtores e showrunners de se envolverem com as comunidades de fãs que produzem conteúdos sobre suas séries preferidas?

DD: Há muitas formas deles se envolverem! Criar uma sessão de fóruns no site oficial, disponibilizar um espaço para as melhores fanfictions, permitir um contato direto ou até mesmo entrar em contato com os fãs-escritores de fanfics. Ter um feedback do consumidor é importante em qualquer seguimento comercial, não concorda? Cliente satisfeito consome mais.

 

Para você, as fanfics atualmente podem refletir nas tramas das narrativas ficcionais televisivas (séries, seriados, minisséries e novelas)?

DD: Sim. Existem fanfics com qualidade próxima ou igual ao conteúdo original. Se um produtor ou roteirista tiver contato com esse material, com certeza refletirá de maneira positiva.

 

Afinal, as fanfics configuram-se em bons exercícios criativos e desenvolvem o gosto pela leitura, principalmente por englobarem diversos gêneros textuais em sua produção? Os professores dos ensinos fundamental e médio estão mais preparados para lidar com estudantes que possuem convívio direto com a escrita em blogs e site?

DD: É isso que estudamos: as possibilidades das fanfictions na educação. As fanfictions são ótimos exercícios criativos e fixadores de conteúdo. O professor tem em mãos a possibilidade de tornar o assunto mais atraente, conquistar a atenção do aluno e ainda fazê-lo exercitar leitura e escrita. Se isso for feito de forma colaborativa através de recursos digitais, ainda é possível proporcionar a inclusão digital ou até mesmo a coleguismo entre os alunos.

 

Para você, atualmente, quais são as características de uma boa e próspera fanfic? Alguma dica para autores de fanfics?

DD: A receita para uma boa fanfic é sempre carregar resquícios da obra original. Fazer com que o leitor enxergue os personagens e seu universo sem fazer muito esforço (mesmo quando o gênero da fanfic não corresponder ao da fonte). O diferente está nos rumos que os personagens podem tomar. O herói pode iniciar sua jornada em seu mundo original, mas atravessar um buraco no espaço-tempo e se deparar em um universo paralelo, com personagens de outras narrativas. A fanfic deve ser uma caixinha de surpresa!

Please reload

ENTREVISTAS

 

 

© 2014 by Priscila Carvalho

bottom of page